Mudar é modificar algo por tempo determinado, mas transformar é tornar algo real de uma maneira irreversível
Transformar é um exercício íntimo, é olhar para dentro e para fora ao mesmo tempo.
A separação dos termos é pura pedagogia para que possamos compreender que não existe dualidade.
Somos uma totalidade dialética, isto é, ao mesmo tempo que o mundo me forma e me transforma, eu também formo e transformo o mundo.
Neste sentido, quando me apresento para o mundo de maneira diferente o mundo se apresentará de forma diferente. Não espere que as pessoas ao redor mudem, pois você nunca terá controle sobre essa mudança, tão pouco garantia.
O que podemos minimamente "controlar" são as nossas mudanças e garantir que elas aconteçam.
Da mesma forma um bolo de chocolate pode ser mais ou menos gostoso.
Depende que tipo de chocolate você coloca nele.
Depende como seu mundo o concebe.
O mundo é isso...
Ele fica melhor ou pior, dependendo de quem o habita.
E quem o habita somos nós!
Para que esses habitantes sejam melhores, cada um precisa fazer a sua parte. E essa parte é transformar a si, pois as mudanças, como eu já disse, são passageiras. A transformação resiste. Resiste à mudança de casa, cor de cabelo, ingredientes de bolo e até de humor.
Mudar a receita do bolo que queima não garante que no futuro ele vá deixar de queimar se a atitude e a postura diante da receita são as mesmas.
Provavelmente, o bolo irá queimar novamente.
É receita que não funciona, que não agrada ao paladar nem a existência.
Ela se torna cada vez mais frustrante e vazia.
Somente na transformação da receita é que podemos almejar resultados diferentes, pois transformar, na sua etimologia, significa dar uma nova forma. Isso nos remete a ideia de que quando transformamos não estamos negando a receita que não funciona, e simplesmente jogando fora aquilo que antes fazia sentido.
Afinal de contas, mesmo queimado você comia o bolo, certo?
Descia raspando, mas comia.
Transformar significa se aproximar das suas mazelas, se reconciliar com elas e transformar a receita que você tem nas mãos, pois, assim, não estamos afastando a sua história diante da receita.
Essa receita diz de você e das coisas que quer transformar.
Toda transformação precisa de um ponto de partida.
Mas pra quê?
Para que saibamos de onde estamos saindo e para onde queremos chegar, se não, possivelmente, o sentido se perderá e você voltará a comer bolo queimado.
Cyntia Regina de Oliveira Yamauchi
Psicóloga - CRP: 06/131198
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